A PESCARIA
Nunca fora convidada para tal coisa, e olha que ela já estava com seus 65 anos!
Passou dia após dia, falando nisso, e seus netinhos já não aguentavam mais ouvir sobre os preparativos para a pescaria do sábado...
Era um dia de final de inverno, e a manhã estava com um solzinho fraco.
D. Nini bateu na porta do seu Martinho, alvoroçada:
_ Seu Martinho, esqueceu da pescaria?
Ele abriu a porta sonolento, e respondeu?
_ Hã? Pescaria, que pescaria?
_ Não me diga que esqueceu mesmo... A nossa pescaria no rio do seu sítio, lá para os lados da serra...
_ Ah... é... Então espera, D. Nini, vou aprontar as coisas.
_ Estarei aqui no pátio da vila esperando, e estou levando umas coisinhas que eu preparei para a gente comer por lá...
_ Muito obrigado, a senhor pensa em tudo!
Ela acenou com a mão e rumou para o pátio, sentou-se em um banquinho perto do chafariz, e aguardava ansiosa.
Os netos da janela, obsevavam a avó, e riam...
_ Viu, a vovó até acordou o homem! Nossa, vai ser hilário esse passeio!
_ É mesmo... Vamos rir muito quando ela voltar contando...
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Seu Martinho trancou a porta de casa, pegou as chaves do carro e munido dos apetrechos de pescaria, gritou para D. Nini, no pátio:
_ Tá tudo aqui, já, D. Nini. Vamos lá!
_ Estou indo...
Disse, apressada para entrar no carro e ir para a primeira pescaria de sua vida!
Eles passaram pela serra e logo depois da descida, lá estava o sítio do seu Martinho, que ele só ia nos fins de semana e feriadões...
Abriu a porteira, e deixou o carro em frente à casa do sítio. Depois, foram andando até o rio que passava dentro da sua propriedade...
D. Nini ia apreciando as árvores frutíferas, o poço antigo, o balanço de pneu que seu Martinho tinha feito muitos anos atrás para seus filhos, e que agora servia também para sua netinha Viviana, quando vinha nos feriados com a família...
Enfim chegaram e seu Martinho preparou o barquinho com tudo que trouxera, para saírem em sua pescaria, finalmente...
D. Nini, levava consigo a cesta com os sanduíches, uma garrafa térmica com guaraná natural e umas frutas e biscoitos... Era o que ela achava que daria, para o dia inteiro de pescaria, que esperava passar...
Depois de uma hora e meia, sem nada de peixes, seu Martinho já estava desanimado...
Comentou com D. Nini:
_ É minha amiga, os peixes hoje, não querem nada comigo!
_ Deve ser porque os coitados estão tristinhos... Não se animam para vir à tona...
Ele não pode deixar de rir, pensando:
'Ora, peixes tristes! Quem imaginaria isso?'
Ela se virou para o lado e avistou alguns peixinhos, e resolveu dar um 'pouco de alegria', alimentando-os com o que trouxe na cesta...
Enquanto seu Martinho estava já para desistir da pescaria, pela falta de peixes do seu lado do barco, D. Nini estava muito contente com sua boa ação!
Ele pediu então para D. Nini:
_ D. Nini, já estou com fome, a senhora deve estar também, vamos fazer nosso lanchinho? Desse rio hoje, não tiro peixe nenhum... O que trouxe para comermos?
_ Bom, agora só tem as frutas e o guaraná, porque os sanduíches e os biscoitos, os peixinhos comeram... Tadinhos, estavam com tanta fome!
Fátima Abreu
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